Abrigo Sustentável
25 Junho - 2018
O Nguara estava inserido no local, aos poucos se foi revelando a nós, que de imediato, percebíamos a natureza do lugar, sua ancestralidade e sua angústia com a contemporaneidade. A nossa relação escutando a taquara, outros ecos escutava. Um vidro querendo ser espelho, sol suave, calor de inverno, o cipó querendo ser nó e o plástico com querência de ser tudo e ser nada. Loca, Nguara, norteava-se, transcendendo o sol escorpiano de ar, saturno retrógrado, cheios de Dauás, Daéis, Tommis, gabrielando na cruz. Nguaraciando escolhendo caminhos para sua relação amorosa materna com Gaia, com todos os seres, de todos os reinos. Parindo abrigo para seres vulneráveis e para moradia ressurgente. Naturalmente.
O conhecimento nativo, os recursos locais, o que não pode faltar e não deve impactar… tanto. A geração de energia colhida da mecânica do viver. No dia a dia o alimento e o excremento transcendendo as tecnologias, fechando ciclos de produtividade, estabelecendo as bases do cuidando de Gaia (a partir das suas demandas) através do manejo biodinâmico da paisagem.
Esse aqui e acolá, o aço rompendo células, provocava estrutura simples, automatizando o sistema… Isso vem à toa não, tem base, transição, criação do amanhã para o ar vai e vai ser.
Na ressurgente morada vem instalado um pacote mínimo para a sobrevivência imediata e com capacidade de prover meios para que a vida possa se dar plenamente: nutrição e desejos vitais.
Cristina Brasileira