Diário
23 Junho - 2018
QUINTA - 14/06 - DIA 1
Embaixo de garoa fina e fria, chegamos na Serrinha. Depois de uma sopa quentinha conhecemos os demais projetos, falamos brevemente sobre o que seria prototipar o MURUNDU e reconhecemos os colaboradores que somariam nessa construção.
SEXTA – 15/06 - DIA 2
Apresentamos o projeto inicial aos colaboradores e compartilhamos o material didático baseado na nossa experiência em Santos.
Fizemos o mapeamento das habilidades de cada colaborador, de modo a visualizar o quanto o grupo se complementava e de que maneira cada um gostaria de colaborar com o projeto.
O local onde o protótipo seria instalado ainda estava indefinido. Aguardávamos a disponibilidade dos moradores para oferecer um espaço para o MURUNDU.
Conhecemos a Simone, moradora nascida na Serrinha. Nesta ocasião ela compartilhou a história da sua família, contando das fortes mulheres que juntas desenvolveram atividades relacionadas a agricultura na região. Compartilhou também a história de Dona Glorinha, sua mãe, com a qual imediatamente sentimos forte conexão.
Nesta conversa a Simone nos convidou para conhecer sua casa, que possuía um espaço ocioso onde poderíamos instalar o protótipo.
SÁBADO – 16/06 - DIA 3
No período da tarde, visitamos a casa da Simone e sentimos que aquele era o espaço onde gostaríamos de atuar, não somente por ser ideal, mas pela possibilidade de aprender e resgatar práticas que até então aconteceram em pequena escala. Além disso, encontramos todos os materiais necessários para a construção do MURUNDU dentro do espaço.
DOMINGO - 17/06 – DIA 4 Fizemos uma trilha de reconhecimento de espécies com Vitor Barão, jovem botânico colaborador do Laboratório Interactivos. Nessa caminhada, visualizamos de forma mais clara, o processo de regeneração ecológica da Serrinha. No mesmo dia, tivemos a oportunidade de escutar a história de Dauá e Zélia, do movimento Ressurgência Puri, povo indígena nativo da Mantiqueira. No final da tarde, fomos até a casa da Simone, tomamos café com Dona Glorinha e escutamos a sua história. Neste momento nos conta sobre as espécies que eram encontradas na região e não são mais vistas; sobre o seu trabalho no resgate e preservação das espécies; sobre os animais que se aproximavam; e sobre o Jacú, ave de médio porte muito recorrente na região e um problema para manutenção de hortas, uma vez que se alimenta de diversas hortaliças. Pela noite, o grupo se reuniu para editar as imagens geradas pela manhã e pensar no roteiro do registro documental.
SEGUNDA - 18/06 – DIA 5 Considerando as particularidades da região e nossa proposta inicial de prototipar algo que fizesse sentido e fosse útil para os moradores do espaço que acolheria o MURUNDU, decidimos construir uma estrutura com materiais encontrados no local para proteger a horta das possíveis invasões do Jacú. Além disso, a conversa com a Dona Glorinha, nos fez perceber a importância de conhecer a história das suas irmãs, mulheres que também trabalhavam com a agricultura local. Assim Simone nos ajudou convidando suas tias para se reunirem e participarem de uma dinâmica conosco. No fim do dia visitamos a Pedra Sonora, que como dito por Dauá, guarda a linda história sobre dar boa sorte aqueles que conseguem fazer som a partir dela.
TERÇA - 19/06 – DIA 6 Iniciamos o dia gravando uma entrevista com a Simone, de modo a registrar em imagens um pouco de sua história. Após o almoço, nos direcionamos para a casa da sua tia para escutar a história das mulheres agricultoras e suas relações com a Serrinha. No final deste encontro facilitamos uma atividade de cartografia afetiva, em conjunto com o Projeto Rota Mnesis, para que juntos consigamos visualizar as histórias além do que já havia sido dito, rememorando os sentimentos, sensações, hábitos e aventuras. Devido ao grande número de pessoas, decidimos nos dividir em pequenos grupos para tornar a dinâmica mais proveitosa.
QUARTA - 20/06 – DIA 7 Iniciamos a construção da estrutura “anti-jacú”. Identificamos no terreno traves de ferro, ripas de madeira e varas de bambú sem uso para subir a estrutura. Reutilizamos uma tela que servia como proteção para uma antiga horta, para evitar o acesso dos jacus na futura horta. No processo de montagem encontramos certa dificuldade para a fixação da estrutura devido ao terreno pedregoso e para conseguir aproveitar a tela, que se encontrava bastante danificada. Costuramos a tela com cisal que Simone tinha em casa e não usava mais e conseguimos quebrar e remover pedras com uma ferramenta específica que ela também nos emprestou.
QUINTA - 21/06 – DIA 8 Iniciamos o dia colhendo bambu taquara na casa da Janaína, moradora da Serrinha que também está entre os colaboradores do Interactivos. Devido ao alto nível pluviométrico da região da Serrinha, fazer um buraco para conter o MURUNDU não era adequado, já que acumularia muita água. Portanto, decidimos construir uma contenção de bambu para dar estabilidade às camadas de matéria orgânica. Com a ajuda de colaboradores do projeto FullCompost, fizemos a estrutura de contenção do MURUNDU. Recolhemos os materiais necessários para as camadas no próprio terreno da Simone (folhas de jussara; tronco e galhos já caídos; restos de poda e capina; e solo do local) e no começo da noite realizamos a instalação. Decidimos programar um encontro para troca e plantio de sementes e mudas no sábado, dia 23, com o intuito de convidar moradores da Serrinha para participar da instalação do MURUNDU.
SEXTA - 22/06 – DIA 9 Confeccionamos os cartazes para convidar a comunidade para o evento de plantio no MURUNDU e fixamos em alguns locais de passagem dos moradores.
SÁBADO - 23/06 – DIA 10 Recebemos mudas e sementes do projeto Nguará e a visita do projeto de Biofertilizantes, que regou o MURUNDU com um preparado de babosa e outro de pimenta e alho. Além disso, outros colaboradores também foram visitar o MURUNDU. Finalizamos o plantio com raízes, folhas, trepadeiras e principalmente flores para Dona Glorinha.
DOMINGO - 24/06 – DIA 11 Celebramos o final deste protótipo em Penedo, na festa junina da ONG Arcanjo Gabriel.
SEGUNDA - 25/06 – DIA 12 Iniciamos a organização do material bruto gerado ao longo da imersão.